
Publicada em 15/04/2025 às 09h30
Não é de hoje que o SUS recorre à rede privada para resolver os problemas das enormes filas de cirurgia e exames laboratoriais.
CARO LEITOR, na coluna de 14/09/24, escrevi que a saída para os gestores em saúde pública, no meu ponto de vista, é optar pela terceirização de algumas unidades de saúde no âmbito estadual e municipal. Daí remanejaria os profissionais do quadro existente para unidades permanentes e as unidades terceirizadas ficariam a cargo das empresas prestadoras de serviço em saúde contratadas. Além disso, defendi que a terceirização da saúde diminui custos, aumenta os resultados e melhora a qualidade de entrega aos usuários do SUS. Neste caso, a terceirização traz como vantagem maior agilidade, regras e métricas mais claras para o serviço contratado e, na ponta do lápis, gera economicidade. Contudo, existe quem diga o contrário, que a terceirização na área da saúde representa desvio do dinheiro público e vai para o bolso dos empresários, gestores em saúde e políticos corruptos.
Filas
Não é de hoje que o SUS recorre à rede privada para resolver os problemas das enormes filas de cirurgia e exames laboratoriais. Logo que assumiu o Ministério da Saúde, o ministro Alexandre Padilha anunciou a contratação de cirurgias e exames na rede privada para acelerar atendimento recorde e dar marca eleitoral ao presidente Lula (PT).
Fiscalizar
Quando terceirizada a unidade de saúde, cabe ao cidadão, ao Conselho de Saúde, ao Ministério Público, aos parlamentares e aos Tribunais de Contas, fiscalizar a existência dos profissionais de saúde contratados, registro de plantões, confrontar planilhas de medicação e prontuários médicos, aquisição de materiais, remédios e o número de atendimentos, cirurgias e exames.
Facilidade
Quando o estado ou prefeitura terceiriza uma unidade de saúde pública, continua sendo SUS, mantido com recursos públicos e serviços específicos contratados. O maior problema é quando gestores públicos atrasam o pagamento à empresa terceirizada no intuito de criar dificuldade para receber facilidades.
Curral
Na campanha eleitoral passada, marquetólogos e marqueteiros observaram que as empresas terceirizadas contratadas para prestar serviço em qualquer setor público, inclusive na saúde, se tornaram um curral eleitoral. Neste caso, o terceirizado era obrigado a participar de caminhadas, pitstop, postar nas redes sociais, informar onde vota, promover reuniões com familiares e amigos, do contrário, era demitido.
Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na sexta-feira (11), quando participava de eventos em algumas cidades do interior do Rio Grande do Norte, sentiu fortes dores no abdômen, apresentou dificuldades para comer e de digestão. Ele foi socorrido às pressas pela equipe do SAMU e levado para Natal, depois transferido de UTI móvel para Brasília, onde passou pela cirurgia.
Cirurgia
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) precisou ser submetido a uma cirurgia "extensa" e de "grande porte" que durou cerca de 12 horas para remover aderências e reconstruir a parede abdominal. Bolsonaro apresenta frequentes obstruções intestinais, que estão relacionadas à facada – mal explicada e investigada – que ele sofreu em Juiz de Fora (MG), durante a campanha das eleições de 2018.
Transição
Circulou nas redes sociais um “Plano de Movimentação de Servidores da SESAU” que, na introdução, sem delongas, diz: “Diante da possibilidade de transição de gestão das unidades Hospital e Pronto Socorro João Paulo II (JPII), Hospital de Retaguarda de Rondônia (HRRO) e Assistência Médica Intensiva (AMI) para a iniciativa privada, torna-se necessária a adoção de medidas estratégicas para relotação dos servidores públicos estaduais atualmente lotados nessas unidades”.
Contra
Em reação, o Sindicato dos Médicos de Rondônia (SIMERO), a Associação Médica de Rondônia (AMB-RO) e o Conselho Regional de Enfermagem – COREN, se posicionaram contra a terceirização do HPJ II, HRRO e da AMI, convocaram Assembleia Geral e estão em campanha contra a possível iniciativa por parte do Governo de Rondônia. Para essas entidades de representação de classe, a terceirização representa a privatização da prestação de serviços em saúde.
Esclarecimento
Ontem (14), no perfil da SESAU no Instagram, o secretário de Saúde, Coronel Jefferson Rocha, postou um vídeo negando a privatização da saúde e reafirmando o compromisso com a saúde pública. Também é possível encontrar uma Nota de Esclarecimento na rede social da SESAU em relação à Portaria 2178/2025, que nenhuma empresa foi contratada e nenhum modelo de gestão foi definido para unidades de saúdes gestada pela SESAU. Contudo, em outra nota, diz que é necessário a recomposição das equipes técnicas do HPJ II, HRRO e na AMI.
Mediall
Na boca miúda dos bastidores do poder, corre que a OS Mediall Brasil S/A, que assumiu a gestão do Hospital Regional de Guajará-Mirim (HRGM), assumirá a terceirização da gestão das unidades Hospital e Pronto Socorro João Paulo II (JPII), Hospital de Retaguarda de Rondônia (HRRO) e Assistência Médica Intensiva (AMI). A sede da OS é em Goiânia, capital de Goiás. Daí a pergunta: Verdade ou Fake News?
HJP II
O Hospital João Paulo II (HJP II) é a principal referência em urgência e emergência no estado de Rondônia, atendendo pacientes de diversas regiões do estado – política pública de transporte de pacientes por ambulância. No entanto, denúncias recorrentes apontam para superlotação da unidade, com pacientes sendo atendidos em corredores e até mesmo no chão, evidenciando a falta de leitos e estrutura adequada para a demanda.
Prometeram
Há 20 anos que estou em Rondônia, nesse período, escutei dos ex-governadores Ivo Cassol (PP) e Confúcio Moura (MDB) – Daniel Pereira e João Cahulla não contam porque exerceram o mandato de governador por 8 meses – prometeram construir o Hospital de Urgência e Emergência de Rondônia (EURO) em Porto Velho, mas ficou apenas no campo das promessas.
Promessas
O governador Coronel Marcos Rocha (União Brasil) também não conseguiu tirar do campo das promessas a construção do Hospital de Urgência e Emergência de Rondônia (EURO), em Porto Velho. Contudo, foi mais inteligente que outros governadores na pandemia do Covid-19, em vez de contratar um hospital de lona para atender pacientes vítimas do coronavirus, determinou a compra de um hospital particular para atender aos pacientes e o estado ganhou incorporando mais uma unidade de saúde. Neste caso, o Regina Pacis, que hoje se chama Hospital de Retaguarda de Rondônia (HRRO).
Determinou
No intuito de cumprir com a promessa de instalar o Hospital de Urgência e Emergência de Rondônia (EURO), em Porto Velho, o governador Coronel Marcos Rocha (União Brasil) determinou a formação de uma comissão de avaliação para comprar um hospital particular para fazer parte da rede da SESAU - SUS no intuito de ampliar o atendimento de urgência e emergência à população portovelhense e rondoniense.
Recuo
Cogitou-se a compra do Hospital Central, das Clínicas e do 9 de Julho. A especulação do preço inicial começou pela média de R$ 18 a R$ 20 milhões. Depois subiu para R$ 40 a R$ 43 milhões. No plenário da Assembleia Legislativa, o governador Coronel Marcos Rocha (União Brasil) chegou a dizer que a proposta da compra do hospital era de R$ 65 milhões, mas como tinha subido misteriosamente para R$ 100 milhões, ele determinou o recuo da aquisição, mesmo podendo lhe custar mandatos eletivos futuros.
Nostradamus
Recentemente, o deputado estadual Marcelo Cruz (PRTB) usou a Tribuna da Assembleia Legislativa para afirmar que a compra do hospital particular pela SESAU seria pela bagatela de R$ 69 milhões. Já a boca miúda diz que será mesmo o 9 de Julho. Neste caso, o remédio é esperar que as previsões das bocas miúdas e de Cruz se confirmem, esse último poderá ser considerado o Nostradamus da política rondoniense.
Elogiam
O prefeito Delegado Flori (Podemos) de Vilhena e Paulo da Remap (PL) de Machadinho D’Oeste, elogiam a terceirização da Saúde nos respectivos municípios que administram. A prefeitura de Vilhena contratou a Santa Casa de Misericórdia de Chavantes e a Prefeitura de Machadinho D’Oeste, a OS Mediall Brasil S/A. Essa última também ganhou a terceirização da Saúde em Nova Mamoré e apresentou problemas de gestão na Unidade Mista Antônio Luiz de Macedo.
Denunciaram
Os vereadores Jeferson Clímaco (Republicanos) e Toinho Barroso (União Brasil) denunciaram recentemente na Tribuna da Câmara Municipal e nas redes sociais a falta de remédios básicos e até soro na Unidade Mista Antônio Luiz de Macedo, gerida pela OS Mediall Brasil S/A no município de Nova Mamoré. Contudo, o prefeito Marcélio Brasileiro (PL) disse que os problemas de abastecimento de medicamentos já foram sanados após adesão a uma ata de preços para compra de medicação.
HRGM
Vale destacar que a OS Mediall Brasil S/A assumiu a gestão hospitalar do Hospital Regional de Guajará-Mirim (HRGM), ou seja, a gestão é terceirizada pela SESAU. Essa unidade terceirizada não conta com UTI, daí realiza apenas cirurgias de baixa complexidade, já as cirurgias de médias e altas complexidades precisam ser reguladas para Porto Velho e muitos profissionais terceirizados ficam de braços cruzados porque precisam da unidade intensiva para realizar as cirurgias mais complexas.
Condenou
Falando em Guajará-Mirim, conforme a coluna fez suas previsões, caso o eleitor guajaramirenses opta-se pelo voto em Raissa Bento (MDB) para prefeita da Pérola do Mamoré, o município continuaria com instabilidade política-administrativa e, consequentemente, teria novas eleições. Sexta-feira passada (11), a Justiça de Rondônia – 1ª Vara Civil do município, condenou a ex-prefeita Raissa Bento e o seu esposo, Antônio Bento, por improbidade administrativa por utilizar máquinas públicas em terras de sua propriedade particular do casal.
Sério
Falando sério, o privado na saúde é mesmo uma solução? A verdade é que os serviços privados são inacessíveis para grande parte da população em qualquer país do mundo. Mesmo quando o público contrata o privado, ficam de fora quem tem menos recursos, quem enfrenta doenças graves ou precisa de cuidados mais complexos. No fundo, sustentamos a rede privada direta ou indiretamente com os recursos do SUS.
