"COCAÍNA DOS POBRES" Entenda como a droga captagon se enraizou na Síria, sob o aparato do regime Assad Publicada em 16/12/2024 às 15:47 Em seu discurso de vitória, há pouco mais de uma semana logo após capturar Damasco, Mohammad al-Jolani, o comandante do grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), prometeu erradicar o captagon da Síria. O comércio desta droga ilícita, um tipo de anfetamina tachada como “cocaína dos pobres”, tem no país o seu principal hub e o caracteriza como um narcoestado. Encheu os cofres da família Assad, com lucros diretos de US$ 2,4 bilhões por ano. “A Síria se tornou o maior produtor de captagon no mundo e hoje será purificada pela graça de Deus”, assegurou o comandante do HTS ao depor o governo. Na tentativa de cristalizar suas intenções, integrantes do grupo rebelde desmontaram laboratórios e armazéns onde a droga era produzida e queimaram toneladas de pílulas. A dúvida é se o frágil governo de transição conseguirá fazer frente à poderosa economia de cerca de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 60 bilhões) por ano gerada pelo cartel, que conta com uma rede de contrabando já entranhada no país. A associação entre a produção e a comercialização do captagon e o regime deposto é explícita e tem como principal interlocutor Maher Assad, irmão do ex-ditador e ex-comandante da Quarta Divisão do Exército, que está foragido. LEIA TAMBÉM: Em 1º pronunciamento após queda, Assad diz que foi forçado a deixar a Síria Mansões de Bashar Al-Assad revoltam sírios: 'Gastava todo esse dinheiro enquanto nós vivíamos como miseráveis' O captagon atuou como uma tábua de salvação para o regime sírio, asfixiado por uma uma década de guerra civil e duras sanções impostas pelo Ocidente. Para se transformar em narcoestado, Assad se beneficiou da demanda pela droga, principalmente nos países do Golfo, e do acesso às rotas marítimas do Mediterrâneo. Forneceu o aparato político e de segurança do Estado para assegurar o comércio. Derivada da fenetilina, a pílula branca tem um par de meias-luas gravadas, e tornou-se popular no Oriente Médio — onde o álcool é proibido aos muçulmanos —, por ser barata e produzir um efeito conhecido como “coragem química”. Fonte: G1 Leia Também Entenda como a droga captagon se enraizou na Síria, sob o aparato do regime Assad Coreia do Sul define data para primeira audiência para analisar impeachment que decretou lei marcial Investigação culpa pilotos por turbulência que deixou 36 feridos Presidente eleito Donald Trump fala sobre relatos de avistamento de drones Comunicado: Centro de Referência de Assistência Social está atendendo em novo endereço Twitter Facebook instagram pinterest