Quem manda no Detran/RO?; Alívio! Não se fala mais sobre o escândalo da ponte – o desabafo do desembargador e os bastidores da confraria do assédio

Fatos e rumores

Quem assistiu ao excelente Bastardos Inglórios (2009), escrito e dirigido pelo controverso Quentin Tarantino, não esquece jamais o personagem interpretado pelo talentosíssimo Christoph Waltz, o temido coronel Hans Landa. Logo no começo o irônico, cruel e impiedoso oficial da SS diz ao humilde camponês francês que ajudava a esconder judeus até então: “Os fatos podem enganar, enquanto os rumores, verdadeiros ou falsos, são sempre reveladores”.

Exclusiva – 'De jeito nenhum', diretor-geral do Detran/RO nega que família Gurgacz dê as cartas no órgão
"Quem dá as cartas aqui é o governador Daniel Pereira", diz diretor-geral do Detran/RO

Quem manda no Detran/RO?

Pela primeira vez um site de notícias questiona o diretor-geral do órgão sobre quem manda, realmente, no Detran/RO. Em exclusiva concedida ao Rondônia Dinâmica, Acássio Figueira dos Santos disse que quem dá as ordens no departamento é o governador Daniel Pereira, do PSB – eis o fato. Os rumores, por outro lado, foram usados para questioná-lo: a família Gurgacz dá as cartas por lá? “De jeito nenhum”, respondeu o gestor. Fontes que ajudam a permear os burburinhos garantem que, pelo menos neste quesito, Figueira não foi sincero; ou, traduzindo para a língua pátria, mentiu – pura e simplesmente.

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Os despachantes não gostaram

Além desse ponto específico sobre quem manda ou desmanda no órgão, outra celeuma suscitada após a publicação da entrevista foi a atribuição de responsabilidade voltada à veiculação de informações equivocadas na mídia. O diretor-geral atribui essa proliferação de equívocos a despachantes que, segundo ele, estariam munidos de “interesses difusos” porque o Detran/RO ao desburocratizar e automatizar serviços estaria escamoteando o meio de campo realizado pelo que chama de “atravessadores”.

Caiu no esquecimento

A ponte, em si, não caiu. Mas o caso da ponte de Ji-Paraná, aí sim, já caiu no esquecimento – e, levando em conta o prazo de validade das denúncias que acabam envolvendo membros do antigo governo Confúcio Moura (MDB), até que durou. No olho do furacão, o ex-diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER/RO) Ezequiel Neiva. Agora pré-candidato a deputado estadual, Neiva e outros réus estão com os bens bloqueados até o valor de R$ 18,5 milhões. Um alento, verdadeiro alívio! Como a poeira abaixou, agora é só correr para o abraço.

Desembargador de Rondônia faz desabafo sobre machismo e pede desculpas públicas à própria filha por silenciar diante de situação vexatória
Declarações de Isaias Fonseca Moraes chegaram longe

O desabafo do desembargador

No dia 1º de maio, o Rondônia Dinâmica publicou um desabafo patrocinado pelo desembargador do Tribunal de Justiça (TJ/RO) Isaias Fonseca Moraes. O relato, cheio de arrependimentos, foi finalizado com um sincero pedido de desculpas encaminhado à própria filha. "Nós homens precisamos entender e aprender de uma vez por todas que devemos respeitar a mulher em todos os sentidos. Aprender que mulher não é um objeto sexual e vê-las como se fosse; mulher é mãe de todos e a grande responsável, nas famílias, para criar o cidadão", disse o magistrado.

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O significado

A manifestação de Isaias Fonseca Moraes foi recepcionada, na parte de comentários do próprio site onde fora postada,  com a boa e velha bifurcação conceitual sobre a realidade. “Muito mimimi”, replicou um fake querendo dar pano para manga. E embora seja um perfil falso criado para inflamar a discussão é preciso, sim, levar em conta. Porém, não há duvidas:  o pedido de desculpas foi um ato nobre e precisava ser exortado publicamente – como foi feito. O silêncio, como bem pontuou o magistrado, cria máculas mais profundas que o ato danoso em si. E quebrar as correntes do que poderia ser mais uma postura covarde é o pontapé inicial para arrebentar de vez as paredes mais sólidas do preconceito.

Metástase

Muita gente pensa de forma idêntica à postura do cidadão que criou o perfil falso, mas mesmo os mais estúpidos e indecentes dos seres humanos ainda mantêm parte significativa de suas compreensões trancafiada no armário da ignorância. Essas visões se espalham como a metástase do câncer mais rigoroso – e não há freio que dê jeito. Suzana Moraes, esta sim com rosto, nome e sobrenome, foi corajosa o suficiente para dar parabéns à exposição do desembargador que, na visão dela, “por suas atitudes se mostra humanamente sensível aos problemas sociais e demonstra respeito ao outro como um ser igual e digno, e nesse outro, estamos nós: as mulheres”.

Muito além da filha do desembargador

Não nos limitamos ao que foi exposto na internet. A coluna foi atrás de Eduarda Meyka que, muito além de ser somente “a filha do desembargador”, embora seja um de seus atributos genealógicos, inegavelmente, traçou seus passos independentes ao se formar em Direito pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e, logo em seguida, concluir o mestrado em Direitos Humanos pela Universidade de Alcalá, em Alcalá de Henares, na Espanha.

Nos bastidores da confraria do assédio

O relato apresentado por ela é aterrador! Homens já na terceira idade, ou no limiar da segunda para a terceira, não compreendem mais a distinção entre o certo e errado; moral do imoral e muito menos legal do ilegal – nem mesmo quando ligados à lei via ofício. No centro dos acontecimentos, uma espécie de confraria do assédio inserida justamente no local onde a edificação da cultura, do conhecimento e da sabedoria deveria falar mais alto: uma livraria. No entanto, pelo menos por aqui, o ambiente ajuda a reverberar a mais inóspita, doentia e remota faceta da transgressão do homem. Durante a semana iremos pontuar minúcias sobre o ocorrido.

As vítimas

A vítima das ofensivas machistas é uma jovem de apenas 15 anos de idade, dissecada dos pés à cabeça assim que entrou no recinto pelo raio-x do ímpeto sanguinolento da lascívia carniceira do conselho sexagenário. Era como se uma ovelha ainda cheia de lã desfilasse diante de hienas risonhas esfomeadas e lideradas por um coiote tão ou mais esfaimado. Ao rebelar-se diante da cena, Eduarda Meyka entrou para o rol de vítimas da complacência quando, abismada, assistiu à incúria do pai da moça ofendida ao absolver os detratores da menina e, pior, concordando com a adjetivação degradante a qual havia sido submetida. Sobre este tema, pelo menos por hoje, é só. Amanhã tem mais!


O governador Daniel Pereira (PSB) ouviu ativistas da causa LGBTTT / Foto: Divulgação

O bundamolismo parlamentar

A criação do Conselho LGBTTT só causa polêmica numa sociedade em franco retrocesso. Parabéns, bem-vindo a Rondônia. Mas esse não é o maior problema, exatamente. Pior do que isso é que, segundo o governador Daniel Pereira (PSB),  alguns deputados que votaram a favor da criação estariam revendo o posicionamento após pressão de lideranças evangélicas e políticos conservadores. O medo de perder uma eleição, é claro, fala muito mais alto num momento como esse. A doença tem nome: é o bundamolismo parlamentar em estágio final.

Negação

O Conselho é uma organização que será aberta a todos os segmentos sociais, servindo para a articulação de áreas governamentais e fiscalização de políticas. Sem adentrar na temática própria desse colegiado, ser contra um conselho (qualquer deles) é negar três ideias: democracia participativa, fiscalização de políticas e transparência.

Michel Temer é hostilizado

O presidente Michel Temer, MDB, não tem condições de sair às ruas. Conforme noticiou o G1 de São Paulo, Temer foi hostilizado após visitar a área do prédio que desabou no Centro de São Paulo. Ele deixou o local sob protestos. O edifício que ficava no Largo do Paissandu tinha 24 andares e caiu após incêndio na madrugada da última terça-feira (dia 1º).

Contato

Estamos à disposição através do e-mail [email protected]. Lembre-se: “O Espectador” é veiculada originalmente no Rondônia Dinâmica, mas a reprodução está autorizada desde que citada a fonte.

Autor / Fonte: Vinicius Canova / O Espectador

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