Por Assessoria ALE-RO
Publicada em 09/08/2019 às 10h02
Um dos piores registros da história do Estado de Rondônia, o Massacre de Corumbiara, completa 24 anos nesta sexta-feira (9). E é lembrado pelo deputado estadual Lazinho da Fetagro (PT) com lamento e indignação, pois, segundo afirma, são 24 anos de falta de justiça social.
O Massacre de Corumbiara, conflito agrário ocorrido entre trabalhadores rurais e policiais militares na fazenda Santa Elina, no município de Corumbiara, região Sul do Estado, em 09 de agosto de 1995, em ocasião de cumprimento de mandato judicial de reintegração de posse, ficou conhecido internacionalmente e marcou a história de luta pela conquista da terra no Estado. Segundo relatos, naquele dia, cerca de 500 famílias de camponeses ocupantes da área, considerada improdutiva, foram surpreendidos durante a madrugada do dia 9 com o ataque de pistoleiros armados e soldados da Polícia Militar. Um violento confronto foi desencadeado, resultando em mortes, torturas, insultos e humilhações aos trabalhadores e trabalhadoras.
Ao Estado de Rondônia foi atribuída culpa e, portanto, reivindicada condenação de indenização às vítimas, quando da comprovação da conduta excessiva dos policiais, que, por certo, tinham condições de executar a ordem judicial sem que o resultado fosse o que veio a ocorrer; dos danos sofridos por aqueles que estavam presentes no conflito; e por não terem recebido assistência do poder público ao longo destes anos, sendo que muitos estão impossibilitadas de trabalhar devido as sequelas de torturas físicas e psicológicas a que foram submetidas. Mas, a justiça prescreveu o crime, em dezembro de 2014, alegando não ter havido crime contra a humanidade.
“Registro, mais uma vez, minha indignação. O crime não prescreveu porque houve sim crime contra a humanidade. Houve violação dos direitos humanos. Houve mortes. Houve desaparecimentos. Tudo isso configura crime de violação dos direitos humanos e, portanto, não cabe prescrição. E, hoje, 24 anos depois, lamento profundamente que ainda não tenha sido feita justiça aos vitimados do massacre”, posiciona o deputado.
Vale registrar que os muitos trabalhadores rurais vítimas da tragédia ocorrida ainda lutaram pela desapropriação da fazenda para fim de reforma agrária. A conquista foi alcançada no início de 2011, 16 anos após, com o assentamento de mais de 600 famílias, nas áreas denominadas Zé Bentão e Maranata, Maranat II, Alberico Carvalho, Alzira Monteiro e Reanato Natam terras desmembradas da antiga Fazenda Santa Elina. E apesar da área ter sido adquirida pelo governo federal e destinada à reforma agrária, as famílias ainda aguardam a implantação de infraestrutura como estrada e energia elétrica.
O deputado Lazinho da Fetagro reforça que “registrar a data de hoje é importante para recolocar esse debate junto à sociedade e poderes púbicos. Também para denunciar que “esses massacres” ainda acontecem, dado ao grave problema da violência no campo que persiste até hoje”.