Por Rondoniadinamica
Publicada em 10/08/2019 às 10h53
Porto Velho, RO – É compreensível que gestores Brasil afora, especialmente no mundo da política, sintam, eventualmente, a frustração de ter de lidar com críticas contumazes enquanto elogios diante de alguns progressos e parcas melhorias mantenham-se aquartelados.
Fazer o quê? É um dos pouquíssimos efeitos colaterais do Poder. De modo geral, tudo o que ocorre no âmbito da Administração Pública precisa de análise aprofundada a fim de que, só após o cotejamento máximo de informações, um veredito seja formado – inclusive o social.
Entretanto, há situações tão ordinárias de negligência estatal que, lamentavelmente, não há como conter o brado.
Quando Luciene Gomes morreu dentro do Hospital de Base, por exemplo, o falecimento foi apenas o desfecho traumático de mais uma tragédia anunciada. Internada na unidade de saúde, pedia socorro a amigos e familiares via WhatsApp: no fundo, sabia que sua existência estava sendo apressada pelo atendimento que recebera.
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É claro que quando o rascunho se insculpe à realidade uma série de informações desencontradas começa a jorrar de fontes oficiais e até mesmo paralelamente através do boca a boca, a rádio patrulha popular.
A despeito da nota oficial veiculada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau/RO), pasta comandada pelo médico Fernando Máximo na gestão Coronel Marcos Rocha (PSL), está claro, antes mesmo dos atos sindicados, que Luciene foi lançada à própria sorte.
Sob os olhos cegos do Estado, com medo, desesperada, sofrendo e sem ter quem lhe assistisse na condição de ser humano, foi torturada pela omissão – o flagelo administrativo mais insensível –, agonizando enquanto sentia a dignidade se esvair de seu corpo junto ao suspiro derradeiro.
A criança sobreviveu para que possa dar continuidade à via-sacra de crescer, batalhar e aprender sobre o mundo sem a companhia imprescindível da mãe.
Os governos passam, é bem verdade: suas validades expiram no máximo em oito anos. Porém, é inegável que a carga de responsabilidade, especialmente após árduas batalhas judiciais, recai toda sobre o ombro do Estado, mantido, relembrando, pelo povo rondoniense.
Não estamos falando sobre episódio isolado; e mesmo se fosse, jamais poderia ser tratado com um simples lavar de mãos.
No dia 17 do mês passado, ocorreu, no mesmo Hospital de Base, o assassinato de um interno na ala psiquiátrica; cinco meses antes disso, Cleunice Ferraz de Lima, de 47 anos, paciente do mesmo setor, cometeu suicídio.
RELEMBRE
Paciente mata interno em ala psiquiátrica de hospital em RO
E AINDA
Mulher se mata dentro de hospital na capital
Desta vez, até para exercer na prática a tal diferença para a qual foi eleito, Marcos Rocha deveria carregar consigo a responsabilidade e, junto com Fernando Máximo, prestar apoio à família, principalmente à criança que remanesceu, além de esviscerar o porquê de o hospital não ter impedido essas três mortes telegrafadas em 2019 a fim de evitar casos futuros.
Não esperem o som do malhete do Judiciário nem que outro governador tenha de resolver os problemas deixados para atrás no apagar das luzes da gestão liberal.