Por Waldir Costa / Rondônia Dinâmica
Publicada em 07/09/2019 às 10h19
A situação da ponte sobre o rio Madeira, na região da Ponta do Abunã, município de Porto Velho, na BR 364, sentido Rio Branco, capital do Acre é vergonhosa. Projeto iniciado, ainda, em 1994, e a construção somente em 2014, mesmo assim foi –e continua–demasiadamente morosa na fase final, além de em certas ocasiões, boicotada devido a ações marginais, como balsas desgovernadas derrubarem pilares.
O trecho da BR 364 de Porto Velho a Rio Branco, com pouco mais de 500 quilômetros é a única ligação terrestre pavimentada com o vizinho Estado. A média de travessia é de 600 veículos por dia e uma “mina” de dinheiro para os proprietários de balsas. Uma carreta bitrem carregada, por exemplo, pagava no início deste ano R$ 149 para realizar a travessia. Arrecada-se em média R$ 540 mil por mês.
Esta semana a travessia estava um caos, pois os usuários enfrentaram filas de até 5 quilômetros esperando a vez. Revoltados motoristas estavam dispostos a fechar a rodovia devido ao descaso dos proprietários das balsas, que agem como donatários e não como prestadores de serviços, além da cobrança de preços abusivos, fora da realidade.
Faltam apenas alguns detalhes para conclusão da obra, que inclusive, já oferece condições de tráfego. A ponte tem pouco mais de 1 quilômetro e a travessia de margem à margem, que demora em torno de meia hora nas balsas, dependendo do nível do rio até de uma hora, poderá ser feita em segundos. Ocorre que a pressão dos balseiros com apoio de alguns políticos corruptos é grande e a previsão de entrega, que era para o primeiro semestre deste ano já se foi.
Estamos entrando na segunda semana de setembro e a população usuária continua dependendo da ponte e enchendo os bolsos dos balseiros, que demonstram força, porque há mais de 20 anos, que a obra já deveria estar concluída e continua inacabada, faltando pequenos detalhes e o Dnit, responsável pelos serviços continua trabalhando em ritmo de tartaruga.
No início do ano e dos respectivos mandatos, os governadores de Rondônia, Marcos Rocha (PSL) e Gladson Cameli (PP) do Acre pressionaram o Dnit clamando pela conclusão da obra. Acreditamos que uma nova investida será importante para que, após décadas de espera Rondônia e Acre deixarão o primitivismo rodoviário da travessia por balsas arcaicas e perigosas, para aderir à facilidade e a segurança de uma ponte moderna e funcional deixando de serem reféns de balseiros especuladores onde estão sendo investidos mais de R$ 150 milhões.
A propósito, será que o presidente Bolsonaro e sua equipe apoiam o boicote, o lobismo dos balseiros, inclusive com afago de maus políticos impedindo a abertura da ponte ao tráfego? Não é difícil uma balsa desgovernada “provocar um acidente” na ponte e comprometer sua estrutura como já ocorreram em outras oportunidades.
Que os governadores Rocha e Cameli, principalmente o de Rondônia, que tem ligação direta com o presidente Bolsonaro pressionem. A ameaça dos caminhoneiros em fechar a rodovia colocará em risco a economia da região e deixará o Acre isolado. A abertura da ponte é fundamental para a economia regional.