Publicada em 18/07/2022 às 15h26
Marina Ovsyannikova foi liberada após algumas horas. No início de março, ela se tornou conhecida após exibir na TV um cartaz contra a invasão da Ucrânia. Desta vez, prisão ocorreu após ela publicar fotos contra Putin.
A jornalista Marina Ovsyannikova, que em março se tornou conhecida ao exibir ao vivo na TV um cartaz contra a invasão russa da Ucrânia, foi presa neste domingo (17/07) em Moscou. Ela ficou algumas três horas sob custódia e, depois, foi liberada.
O advogado da jornalista, Dmitri Zakhvatov, disse que ela foi detida por "suspeita" de ter "difamado" o exército russo em redes sociais.
Na última sexta-feira, Ovsyannikova havia voltado a criticar a guerra, desta vez por meio de suas redes sociais, publicando fotos em que segurava um cartaz que dizia "Putin é um assassino!", com o Kremlin ao fundo.
Após ser liberada, ela escreveu a seguinte mensagem no Facebook: "Estou em casa. Está tudo bem. Agora sei que é melhor sair de casa com meu passaporte e minha bolsa".
Ovsyannikova ficou conhecida em março, pouco depois do início da invasão russa da Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro. Na época, ela trabalhava como editora do Canal 1, da Rússia, e invadiu o estúdio do principal noticiário noturno da emissora, segurando um cartaz com frases contra a guerra na Ucrânia, escritas em russo e em inglês. Foi possível ouvi-la dizer "parem a guerra, não à guerra!", enquanto a apresentadora continuava a ler as notícias no teleprompter.
O protesto foi ao ar por vários segundos, antes de os diretores se apressarem para colocar no ar uma reportagem. O acontecimento foi visto como altamente incomum, já que na Rússia a mídia estatal é estritamente controlada.
Na ocasião, ela foi detida por 14 horas e, depois, libertada sob pagamento de uma multa.
Sob o regime de Vladimir Putin, declarações como essa podem resultar em processos criminais. Em 4 de março, o Parlamento russo aprovou uma lei que torna ilegais ações públicas com o objetivo de "desacreditar" o Exército e espalhar o que o Kremlin considera como "notícias falsas" sobre a invasão russa na Ucrânia. Violações podem ser punidas com até 15 anos de prisão.
Desde o início do conflito na Ucrânia, sites de vários veículos de comunicação russos e estrangeiros foram bloqueados na Rússia, incluindo a DW. No final de março, o jornal independente russo Novaïa Gazeta anunciou a suspensão de suas publicações impressas e digitais, incluindo redes sociais, até o final da invasão russa da Ucrânia.
Nos meses seguintes ao protesto de março, Ovsyannikova passou um período no exterior, inclusive na Ucrânia, atuando correspondente do jornal alemão Die Welt.
No início de julho, a jornalista informou que estava voltando à Rússia para resolver uma disputa sobre a custódia de seus filhos.