Publicada em 20/09/2022 às 09h19
Os jornais franceses desta terça-feira (20) “avançam sobre diversos fronts” e destacam diferentes aspectos do conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
A manchete do Le Monde traz um testemunho inédito sobre a cidade ucraniana de Izium, onde seus repórteres encontraram o homem que enterrou centenas de civis na cidade, ocupada durante seis meses pelas forças russas.
Uma operação para localizar e desarmar minas encontrou 445 covas individuais. As imagens desse cemitério improvisado, que correram o mundo, tornaram Izium conhecida como "a cidade dos mortos".
Vitaliy, proprietário da agência funerária local, lembra das ruas cobertas de cadáveres no início da invasão.
Já o Le Figaro mostra como os habitantes das regiões reconquistadas da Ucrânia contribuem com o Exército pela resistência, mas, também, para "caçarem" os colaboradores para as forças russas.
Eles se organizam em "unidades de defesa territorial", e no caminho da reocupação, encontram o rastro das evidências de tortura contra militares, combatentes e civis.
O apoio dos moradores é visto por todos como "determinante" para a reconquista de suas pequenas cidades.
Generais russos "somem do radar"
O jornal Les Echos alerta sobre uma nova central nuclear ucraniana alvo de mísseis, no sul do país. A terceira desde o início da invasão russa, criando um novo motor de tensões na região.
A estratégia é entendida como uma forma de ameaça mundial, para inibir o apoio a Kiev, principalmente quando muitas tropas russas foram obrigadas a bater em retirada.
O diário La Croix destaca o que a publicação chama de "valsa dos generais" no Exército russo, sublinhando que muitos deles "desapareceram do radar" depois de terem comandado as forças de invasão na Ucrânia, alegando que a verticalidade de poder se impõe mais do que nunca na cadeia de comando russo.
Sergueï Dvornikov, por exemplo, conhecido como o "açougueiro de Alepo", depois de sua atuação na guerra da Síria, e que assumiu as operações na Ucrânia em abril, não é mais visto nas fotos das reportagens do Ministério da Defesa russo.
A publicação aponta que o Kremlin tenta pilotar suas tropas diretamente de Moscou, em vez de delegar responsabilidades aos generais, como estratégia para evitar um golpe de Estado.