Publicada em 30/06/2023 às 10h16
O vice-presidente do Conselho Soberano do Sudão, principal órgão de poder no processo de transição sudanesa, garantiu hoje que não há mercenários do Grupo Wagner no país africano.
"As forças da empresa militar privada Wagner não estão presentes no Sudão. Estão presentes em vários outros países, no sul da Líbia, na República Centro-Africana e nos estados que fazem fronteira com o Sudão", disse Malik Agar durante uma conferência de imprensa durante sua visita à Rússia.
Agar afirmou que o exército sudanês não tem "qualquer relação" com as forças do Grupo Wagner, lideradas pelo empresário Yevgeny Prigozhin, que encenou uma rebelião armada no passado fim de semana, e também negou recentemente no seu canal Telegram que seus homens estivessem presentes no Sudão.
Agar também disse que não há confirmação de que os mercenários estejam ligados ao grupo paramilitar sudanês Forças de Apoio Rápido (FAR).
De acordo com um relatório recente do European Union Institute for Security Services (EUISS), um instituto de análise europeu, a estrutura até agora liderada por Prigozhin já apoiou o general Abdel Fattah al-Burhan, líder do Conselho Soberano, mas está desde abril ao lado de Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemeti, o general paramilitar que lidera as FAR.
Hemeti admitiu que suas tropas foram treinadas pelo Grupo Wagner, mas vários analistas acreditam que o grupo também possa estar fornecendo munições e combustível.
Entretanto, Prigozhin já negou que as tropas do Grupo Wagner tenham estado presentes no Sudão nos últimos dois anos, onde uma de suas empresas foi autorizada a exportar ouro de uma mina sudanesa.
Malik Agar explicou ainda que durante sua visita a Moscou, onde se encontrou nesta quinta-feira com o ministro russo das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, não pediu armas à Rússia.
"Falamos de questões políticas, de acabar com a guerra no Sudão. Não falamos sobre fornecimento de armas e recebemos a promessa de que receberíamos apoio, ajuda humanitária. Penso que iremos discutir questões militares após o fim desta guerra", sublinhou.
O vice-presidente do Conselho Soberano do Sudão considerou que a Rússia pode contribuir para a resolução do conflito em seu país.
"Recorremos a um certo número de Estados que podem influenciar a situação no país e influenciar a política internacional. Um desses países é a Rússia. A Rússia é uma grande potência, que desempenha um papel importante no mundo, é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e pode influenciar a situação", afirmou.
O Sudão está enfrentando um grande conflito desde o surgimento dos combates entre o exército e o grupo paramilitar Forças de Apo