Publicada em 10/11/2023 às 11h39
Pessoas vivendo com HIV, Aids e hepatites virais possuem atendimento de referência em Porto Velho. O Serviço de Atendimento Especializado (SAE) é uma unidade assistencial direcionada ao bem-estar e à qualidade de vida dos pacientes, que visa reduzir o risco de progressão das doenças e suas complicações.
A equipe do SAE é composta por cerca de 40 profissionais, entre médicos infectologistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, odontólogos, psicólogo, ginecologista, proctologista, assistente social, técnicos de laboratório e auxiliares de farmácia. Os trabalhadores são responsáveis por oferecer uma política de assistência aos usuários ao longo do tratamento das infecções.
A enfermeira Maxiana Pereira, explica que, ao receber o diagnóstico positivo em alguma unidade de saúde do município, o paciente é encaminhado para o SAE, mas a unidade também atende a população que teve o diagnóstico confirmado fora da rede pública de saúde.
“O Serviço de Atendimento Especializado tem como prioridade atender pacientes com diagnóstico fechado, ou seja, pacientes que foram até a unidade básica de saúde e foram diagnosticados com HIV ou hepatites virais B e C. O paciente chega aqui com o resultado positivo e o encaminhamento do profissional que atendeu e que realizou o diagnóstico na unidade básica, mas isso não impede que aquele paciente que foi testado em algum lugar de Porto Velho, ou até de outro município, chegue aqui com essa informação e não seja atendido. A equipe atende, faz novos exames, confirma o diagnóstico e segue todo o protocolo de atendimento para aquele diagnóstico, seja HIV ou hepatite”.
Atualmente, cerca de 4 mil pessoas são acompanhadas mensalmente pelo SAE. O local oferece uma estrutura física completa com consultórios médicos, de enfermagem, de odontologia, psicologia e serviço social. A unidade também atende os usuários com exames laboratoriais e farmácia para a dispensação de medicamentos.
“A partir do momento que o paciente chega ao SAE, ele passa por uma equipe multidisciplinar. O acolhimento é feito pelo psicólogo, assistente social, enfermeiro ou o próprio médico, e visa entender a singularidade de cada usuário que nos procura. Essa é a base do acolhimento, entender as particularidades e atender, dentro do que o serviço oferece, respeitando as individualidades de cada um. Depois de ser acolhido, o paciente realiza os exames e, em média 15 dias depois, tem a sua primeira consulta com o profissional médico”, explicou.
EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
Para garantir uma linha de cuidado integral aos usuários, a assistência oferecida pela unidade envolve múltiplos profissionais, cada um com sua expertise, trabalhando em conjunto para oferecer um cuidado abrangente aos pacientes, levando em consideração os aspectos físicos, emocionais e sociais. Conheça os profissionais que prestam atendimento no SAE:
Infectologista: Responsável pelo acompanhamento clínico do paciente, por administrar os medicamentos e avaliar a eficácia do tratamento. O profissional também dá suporte nas intercorrências clínicas que o usuário possa apresentar, encaminhando de forma adequada para os especialistas responsáveis.
Enfermeiro: O enfermeiro realiza desde o acolhimento, até o monitoramento da adesão do tratamento. A equipe de enfermagem, composta por enfermeiros e técnicos, também auxilia nas medidas para prevenir ou amenizar a doença, explicando ao paciente e seus familiares sobre normas de segurança.
Ginecologista: Faz acompanhamento de rotina, por meio de consultas médicas que são feitas a cada seis meses ou anualmente, de acordo com a necessidade da paciente ginecológica. É o ginecologista quem cuida da saúde reprodutiva da paciente e fornece orientações contraceptivas.
Proctologista: É comum que pacientes convivendo com HIV tenham doenças proctológicas, e essa assistência médica é prestada pelo proctologista, profissional responsável pelo tratamento dos cólons e ânus.
Pediatra: Crianças de até dois anos que foram expostas ao vírus e crianças de até 12 anos que convivem com o HIV são acompanhadas pela pediatria do SAE com tratamento e cuidado integral. O médico pediatra auxilia na redução da transmissão vertical da doença e possíveis complicações no público infantil exposto ou vivendo com HIV.
Psicólogo: Profissional que cuida da saúde mental e fornece suporte emocional ao paciente. O psicólogo faz a abordagem inicial no impacto do diagnóstico, e também realiza o acompanhamento terapêutico à medida em que o paciente precisa da assistência psicológica, e esse suporte é por tempo indeterminado.
Odontólogo: Oferece atendimento focado no cuidado com a saúde bucal, realizando procedimentos clínicos de rotina, avaliando e tratando o paciente em caso de lesões bucais e infecções que possam ocorrer.
Serviço social: O serviço social é a área que fornece acolhimento e assistência aos pacientes. O assistente social auxilia o usuário junto com o médico que o acompanha, para que ele garanta benefícios, em caso de necessidade, como auxílio doença, aposentadoria por invalidez ou benefício de prestação continuada.
Nutricionista: O acompanhamento permite que o nutricionista avalie o estado nutricional do paciente, a imunidade, os efeitos colaterais do antirretroviral, a questão metabólica, e a prevenção ou o cuidado contra doenças como diabetes e hipertensão.
Laboratório: Realiza a coleta e análise dos exames solicitados para os pacientes que estão em tratamento, como sorologia, carga viral, CD4.
Farmácia: Responsável por toda a parte de dispensação de medicamentos, tanto medicamentos como o antirretroviral para HIV e hepatite, como os medicamentos da farmácia básica. O usuário que é atendido no SAE recebe, além dos antirretrovirais, medicação para doenças como hipertensão e diabetes, além dos métodos contraceptivos como anticoncepcionais e preservativos.
Para a enfermeira Maxiane Pereira, o medo da discriminação e do preconceito impede que muitos pacientes procurem o tratamento.
“O que os pacientes mais relatam é o medo da exclusão, do preconceito, de se sentirem excluídos, seja no ambiente de trabalho ou no ambiente familiar. Isso faz com que o usuário tenha dificuldades em vir ao SAE, onde ele faz o tratamento, com o receio de ser reconhecido, de encontrar outras pessoas, e ter a sua condição de saúde exposta. O nosso maior desafio é fazer o paciente entender a importância do diagnóstico precoce, de iniciar o tratamento e tomar a medicação corretamente, para evitar maiores complicações”, destacou.
O SAE funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e está localizado na rua Duque de Caxias, nº 1960, bairro São Cristóvão.