Publicada em 08/02/2024 às 14h45
"Hoje foi adotada a decisão de alterar o comando das Forças Armadas ucranianas", indicou Rustem Umerov no Facebook, ao manifestar "reconhecimento" a Valery Zaluzhny.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou entretanto a nomeação de Oleksandr Syrsky (da imagem) como novo chefe das Forças Armadas ucranianas. "O tempo para (...) uma renovação é agora", disse Zelensky no X.
Syrskyi, de 58 anos de idade, tem estado envolvido desde 2013 no esforço do exército ucraniano para adotar os padrões da NATO.
Após o anúncio, Zelensky pediu ao seu novo líder militar um plano de batalha "realista" contra a Rússia para 2024, após o fracasso da grande contraofensiva de Kyiv em 2023.
"Espero tais mudanças nas forças armadas ucranianas no futuro mais próximo: um plano de ação realista e detalhado (...) para 2024", afirmou.
Este plano, precisou, deve, levar em conta "a situação real no campo de batalha e as perspectivas futuras", disse Zelensky no seu discurso diário.
A degradação da situação no terreno, com dificuldades no acesso a munições sobretudo dos Estados Unidos, e a complexa questão da mobilização militar também acentuou as divergências entre o chefe de Estado e o líder militar agora afastado.
Na quarta-feira, o parlamento de Kyiv aprovou finalmente em primeira leitura o controverso projeto-lei sobre mobilização militar, mas o processo deve prolongar-se por várias semanas até à promulgação por Zelensky.
Poucos momentos antes do Ministério da Defesa anunciar a demissão, Zelensky também saudou o trabalho do general e propôs que permanecessem na sua "equipa".
"Falámos das alterações que são necessárias nas Forças Armadas. Discutimos o que poderá ocorrer com um comando renovado das Forças Armadas da Ucrânia. Este é o momento da renovação. Propus ao general Zaluzhny permanecer na equipa", disse.
Zaluzhny, em mensagem no Telegram, e sem anunciar que tinha renunciado, disse ter aceitado que "todos devem mudar e adaptar-se a novas realidades", concordando que há uma "necessidade de mudar abordagens e estratégia" na guerra.
Zaluzhnyi é altamente respeitado entre as forças ucranianas e por oficiais militares estrangeiros. Alguns analistas citados pela AP alertaram que a sua saída poderia trazer perturbações, potencialmente levantando uma barreira entre o exército ucraniano e os políticos, e alimentando a incerteza entre os aliados ocidentais de Kyiv.
Mykhailo Podolyak, um dos principais conselheiros de Zelensky, disse que a Ucrânia precisa de repensar as suas táticas, "que não garantiram resultados adequados no ano passado."
A Ucrânia precisa "prevenir a estagnação na linha de frente, o que afeta negativamente o sentimento público, para encontrar novas soluções funcionais e de alta tecnologia que permitam (à Ucrânia) manter e desenvolver a iniciativa", adiantou Podolyak no X.
Zelensky designou Zaluzhny para a liderança das Forças Armadas ucranianas em julho de 2021, quando o país estava envolvido desde há sete anos em combates no leste contra as milícias separatistas russófonas locais, e quando prosseguia a concentração de tropas da Rússia junto à fronteira comum.
O general que conteve o plano inicial do Kremlin de garantir em poucos dias a capitulação de Kyiv -- na sequência da invasão em larga escala desencadeada em 24 de fevereiro de 2022 --, ainda é considerado um "ícone" para grande parte da população e em particular entre os soldados, que têm manifestado apreensão pela sua eventual substituição.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.