Publicada em 16/10/2024 às 10h17
O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano à presidência, Donald Trump, defendeu políticas comerciais protecionistas em entrevista nesta terça-feira (15). "Tarifa é a palavra mais bonita do dicionário. É a minha palavra preferida", declarou Trump à Bloomberg TV.
O ex-presidente rejeitou sugestões de que tarifas poderiam aumentar a dívida federal, criar uma guerra comercial com outros países e prejudicar a economia dos EUA.
"Tudo que você precisa fazer é construir sua fábrica nos EUA e você não terá nenhuma tarifa. Quanto mais alta a tarifa, maior a chance de a empresa vir para os EUA e construir uma fábrica aqui", disse.
Segundo a agência Bloomberg, o dólar pelo mundo subiu para o nível mais alto em dois meses durante as falas de Trump. O Bloomberg Dollar Spot Index, que acompanha o valor do dólar frente às principais moedas, subiu até 0,3% quando o candidato republicano citou políticas comerciais com economias como México, Europa e China.
O peso mexicano caiu até 1,7% em relação ao dólar americano, enquanto o euro ampliou as perdas.
As propostas do plano econômico de Trump incluem taxas de 60% sobre importações da China, de 10% sobre produtos do resto do mundo e de até 200% sobre veículos montados e importados do México.
O entrevistador, John Micklethwait, editor-chefe da Bloomberg News, citou projeções de analistas de que os planos de Trump acrescentariam US$ 7,5 trilhões à dívida federal até o ano de 2035, mais do que o dobro das políticas da oponente democrata, a vice-presidente Kamala Harris.
Trump sustentou que suas políticas comerciais revitalizariam a manufatura americana e gerariam receita suficiente para aliviar preocupações sobre o aumento do déficit. Questionado sobre os possíveis efeitos negativos do aumento das tarifas na economia global, Trump defendeu que o impacto será positivo.
"Estamos focados no crescimento. Vamos trazer empresas de volta para o nosso país. Concordo que isso terá um efeito massivo, mas um efeito positivo, não negativo."
Alguns especialistas em comércio argumentaram que as tarifas poderiam prejudicar a economia dos EUA, colocar empregos em risco e aumentar os preços ao consumidor.
Trump reiterou que aplicaria uma tarifa alta sobre veículos montados e importados do México e afirmou que imporia taxas sobre carros importados de países como a Alemanha para forçar empresas estrangeiras a fabricar seus produtos nos EUA.
Quando Trump foi informado de que seus esforços poderiam irritar aliados dos quais os EUA precisam para competir contra a China, ele respondeu dizendo: "Nossos aliados têm se aproveitado de nós mais do que nossos inimigos."
Durante a entrevista, Trump também falou sobre o papel do Fed (Federal Reserve) na economia dos EUA, que voltou a cortar a taxas de juros em setembro. A instituição e seu presidente, Jerome Powell, foram alvos de críticas do ex-presidente.
"Acho que é o melhor trabalho no governo. Você aparece no escritório uma vez por mês e diz: 'Vamos jogar uma moeda' e todo mundo fala de você como se fosse um Deus", disse sobre o trabalho no Fed.
O candidato republicano acrescentou que entende que, se eleito, terá o direito de dizer ao Fed o que fazer com relação à taxa básica de juros, mas que não ordenará um ajuste.
"Acho que tenho o direito de dizer que acho que vocês deveriam aumentar ou diminuir um pouco. Não acho que eu deva ser autorizado a ordenar isso, mas acho que tenho o direito de fazer comentários sobre se os juros devem ou não subir ou descer", afirmou.