Publicada em 03/01/2025 às 14h54
A posse de vereadores e prefeitos em todo o país neste dia 1° de janeiro consolidou um dado negativo para a representatividade feminina no Cone Sul de Rondônia: das 69 vagas para o Legislativo, somente 12 foram ocupadas por mulheres e das 7 cadeiras de prefeito, apenas uma mulher alcançou o posto. Em Vilhena, a queda na representatividade motivou as duas vereadoras eleitas na cidade a citarem a situação em seus discursos de posse.
Em análise de todos os candidatos eleitos no Cone Sul, a Folha do Sul Online verificou que o número de homens é muito maior que o de mulheres em todas as cidades da região: Colorado (3 mulheres de 11 cadeiras), Cerejeiras (2 de 9), Cabixi (1 de 9), Chupinguaia (2 de 9), Corumbiara (0 de 9), Pimenteiras (2 de 9) e Vilhena (2 de 13). Na soma da região, as 12 mulheres eleitas estão em um “mar” masculino, visto que há 57 homens eleitos parlamentares, quase cinco vezes mais. Percentualmente, há 17,3% de mulheres e 82,7% de homens.
No âmbito das Prefeituras o dado é ainda mais desvantajoso para elas: no Cone Sul só Vilhena e Pimenteiras do Oeste chegaram a apresentar candidatas mulheres. Das duas, somente Pimenteiras elegeu a representante feminina. Assim, das 7 cidades, só uma terá uma comandante mulher, o que significa somente 14,2% do total.
Considerando a cor da pele, há um dado ainda mais problemático: somente uma das 12 mulheres eleitas se identifica como preta, ou seja, 8,3% do total já escasso de 12 mulheres eleitas. As demais são compostas por 3 autodeclaradas pardas e 8 brancas.
A situação motivou discursos das duas eleitas em Vilhena na cerimônia de posse, visto que na legislatura anterior havia três e agora há somente duas mulheres. Amanda Areval foi a primeira a citar o tema. “Vivemos em uma sociedade onde por muito tempo os espaços de decisão e poder foram exclusivamente ocupados por homens. Estar aqui hoje é um marco que reforça a importância da representatividade feminina e a necessidade de construir um futuro mais igualitário. Ser mulher na política é carregar as vozes de tantas que vieram antes de nós e abrir caminhos para todas as outras que virão depois de nós. Quero que cada mulher de diferentes idades, origens e histórias se vejam representadas nesta Legislatura. Quero ser exemplo de que nossos sonhos, nossa força e nossa capacidade podem transformar realidades. Que este mandato seja um convite para que mais mulheres ocupem estes espaços, mostrando que o olhar feminino é essencial para construir uma sociedade mais justa, sensível e humana”, assegurou.
Da mesma forma, Rose da Saúde citou a questão em sua fala. “Vou trabalhar para o bem do povo, que me elegeu não só por ser mulher, porque mulher é muito difícil na política, infelizmente. Ainda é uma política masculinizada. A maioria dos poderes, hoje, a gente não pode deixar ser enganado, a maioria é homem. Não vou só ser mais uma na Câmara, de enfeite. As mulheres precisam, sim, mostrar a sua força”, concluiu.