
Publicada em 21/02/2025 às 08h58
A influência e a rejeição da primeira-dama Janja no Governo Lula III
CARO LEITOR, acredito que o presidente Lula (PT) por telepatia leu meus pensamentos de que a última coluna da semana seria dedicada às primeiras-damas do Brasil. No início da semana, comentei com amigos próximos que estaria preparando uma coluna com essa temática. Ontem (20), em entrevista à rádio Tupi FM, do Rio de Janeiro, ele admitiu a influência da primeira-dama Janja em seu governo. Tal influência seria para protegê-lo. Para começo de conversa, a ideia de primeira-dama surgiu nos EUA em meados do século XIX com as esposas dos presidentes estadunidenses. A primeira-dama nos EUA e no Brasil não tem qualquer função administrativa no governo por uma questão estratégica, ou seja, para não ser convocada pelo Senado ou Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos em relação à sua função. Por sua vez, a primeira-dama exerce influência sobre o marido por dividir travesseiro, é ingênuo quem pensar diferente. No início do século XX, nossas primeiras-damas tinham o perfil mais tradicional de dona de casa e só apareciam para acompanhar o marido em alguns eventos oficiais. Esse tabu foi quebrado com Maria Pereira Gomes, mulher do presidente Venceslau Brás, que inaugurou o papel social da primeira-dama no Brasil. Em 1915, ela organizou um festão no Rio de Janeiro para arrecadar fundos para vítimas da seca no Nordeste. Maria Pereira ficou conhecida na época como mãe dos pobres.
LBA I
Quase 30 anos depois, em 1942, essa imagem da primeira-dama mãe dos pobres vai pegar de vez com Darcy Vargas, mulher do presidente Getúlio Vargas. Ela criou a Legião Brasileira de Assistência (LBA) para ajudar as famílias dos soldados brasileiros que estavam na Segunda Guerra Mundial e virou um símbolo do trabalho voluntário feminino no país.
LBA II
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a LBA, que recebia ajuda de empresas, ampliou a sua atuação com ações como a distribuição de leite em pó para atender as crianças vítimas da seca. Desde então, a primeira-dama do país passou a ocupar a presidência da entidade.
Kubitschek
Quando Juscelino Kubitschek (PSD) chegou ao poder em 1951, sua mulher, Sarah Kubitschek, decidiu levar os trabalhos sociais para além da LBA, ou seja, ela levou a Rede de Caridade Pioneiras Sociais, que ela tinha criado em Minas Gerais, quando Juscelino foi governador, para mais de 10 estados brasileiros.
Mãe
Sarah Kubitschek inaugurou diversos hospitais, incluindo alguns flutuantes no Amazonas. Além do paternalismo como mãe dos pobres, Sarah passa a ser conhecida também como mãe dos doentes. Neste caso, protetora dos “filhos abandonados pelo estado”.
Sarney
Marly Sarney, esposa do ex-presidente José Sarney (MDB), discreta como primeira-dama, exerceu um papel ativo em diversas iniciativas sociais e culturais, destacando-se por seu compromisso com a melhoria das condições de vida da população carente das periferias através da LBA e do CNEC, bem como pela promoção da cultura no Brasil.
Collor
A ex-recepcionista Rosane Collor, esposa do ex-presidente Fernando Collor de Melo, presidiu a LBA, mas foi acusada de desviar dinheiro da entidade em benefício de parentes. Entre as acusações, estava a de superfaturar o preço do leite em pó. Contudo, ela foi condenada por corrupção ativa e passiva em primeira instância, mas acabou absolvida na segunda instância.
FHC
A antropóloga e professora doutora Ruth Cardoso (USP), na presidência de seu marido, ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), acabou com a LBA. Ela criou a Comunidade Solidária, organização responsável por programas sociais do governo FHC. Tais programas de “Dona Ruth” deram origem aos programas sociais do PT.
Temer
Marcela Temer, nascida e criada no interior de São Paulo, formada em direito, participou de concursos de beleza durante a juventude, tendo alcançado os títulos de vice-Miss Paulínia e vice-Miss São Paulo. No governo do seu marido, o ex-presidente Michel Temer (MDB), ganhou destaque por ser recatada e do lar. Por sua vez, trabalhou com políticas sociais voltadas para o desenvolvimento infantil.
Bolsonaro
Logo de início, a ex-estagiária da Câmara de Deputados e ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disse que iria se dedicar a ações sociais do governo do seu marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na época, ele disse ser um chamado de Deus colocado no seu coração por ser evangélico. Ela trabalhou com programas voltados para crianças e pessoas especiais.
Lula I
Marisa Letícia, primeira esposa do presidente Lula (PT), não quis se envolver em qualquer atividade pública durante os 8 anos de governo do marido (2003-2010). Ela, que foi inspetora escolar e militou no movimento sindicalista, preferiu não se envolver em qualquer atividade pública, daí acabou sofrendo críticas da oposição, porque apenas acompanhava o presidente em agendas oficiais.
Lula II
Já a segunda esposa do presidente Lula (PT), a socióloga Rosângela Janja Lula da Silva, que tenta ressignificar o papel de primeira-dama, tem chamado a atenção pelo seu estilo despojado. Por sua vez, demonstra ter influência nas decisões do presidente Lula, ela é presença constante no Palácio do Planalto, inclusive em viagens internacionais, reuniões e encontros com autoridades e ministros.
Lula III
A primeira-dama Janja foge à regra de princesa, recatada e do lar, ou seja, ela impõe o seu estilo de mulher empoderada e despojada até no jeito de ser e se vestir. Por conta do seu comportamento, ela se diz vítima de misoginia por fugir totalmente do perfil tradicional e conservador de primeira-dama do país. Em face disso, cresceu a rejeição dos eleitores ao seu perfil de primeira-dama despojada e empoderada.
Equipe
A primeira-dama Janja conta com uma equipe de assessoramento, quem está mais próxima é Neil de Gleia Neres, com salário um pouco mais de R$ 18 mil reais brutos, e Margarida Quadros, com salário bruto de um pouco mais de R$ 14.800 reais. Ambas estão nomeadas na estrutura do Palácio do Planalto. Contudo, Janja e Margarida foram sócias em uma empresa de consultoria que já foi extinta.
Atuante
O relacionamento de Janja com o presidente Lula (PT) começou quando ele estava preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba - PR. Lula e Janja se cansaram em maio de 2022. Como primeira-dama, ela é muito atuante dentro do governo e despacha no Palácio do Planalto, em uma sala no mesmo piso do gabinete presidencial. Pelas redes sociais, registra encontros com várias autoridades do primeiro escalão.
Poder
Nos bastidores de Brasília, a influência da primeira-dama Janja em decisões do presidente Lula (PT) gera incômodo entre ministros e no corpo diplomático do país. Normalmente, a primeira dama não poderia participar de uma discussão e tomadas de decisões, inclusive com poder de veto, como já veio a público, por exemplo, de Lula não usar celular. Ela também já criou embaraços à diplomacia brasileira, à equipe de comunicação e nas relações do Governo com o Congresso Nacional.
Raupp
Pelas paragens de Rondônia, a ex-primeira dama e professora Marinha Raupp, esposa do ex-governador e ex-senador Valdir Raupp, devido à sua atuação política, conseguiu se eleger deputada federal por seis mandatos. Contudo, ela faz falta para Rondônia no Congresso Nacional devido à sua experiência, capacidade técnica, compromisso e capacidade de entrega.
Cassol
Já o ex-governador Ivo Cassol (PP) não teve a mesma sorte que Valdir Raupp em relação à ex-primeira-dama. Cassol lançou “Dona Ivone” candidata ao Senado na única vaga nas eleições de 2014, mas amargou o terceiro lugar por pouco saber de conceitos básicos da política e dos meandros do poder. Ela perdeu para Acir Gurgacz (PDT), que venceu o pleito, e Moreira Mendes (PSD), que ficou em segundo lugar.
Confúcio
A ex-primeira-dama e médica Maria Alice, casada com o ex-governador e senador Confúcio Moura (MDB), sempre passou a imagem de uma mulher tímida, discreta, recatada e voltada para cuidar da família e dos negócios, raramente aparecia nas atividades de campanhas eleitorais e eventos oficiais. Ou seja, sempre se manteve distante dos holofotes da política, mas recentemente apareceu em alguns vídeos ao lado do esposo abordando temas ligados à família, à convivência marital e à política.
Rocha
Quem realmente assumiu o protagonismo como primeira-dama foi Luana Rocha, esposa do governador Coronel Marcos Rocha (União Brasil). Desde o início do primeiro governo de Rocha, ela assumiu a Secretaria de Estado de Assistência Social (SEAS). Implementou programas sociais de grande relevância que podem levá-la a alçar voos mais altos nas eleições de 2026.
Chaves
Na capital Porto Velho, quem assumiu o protagonismo como primeira-dama foi Ieda Chaves, esposa do ex-prefeito Hildon Chaves (PSDB). O papel de Ieda como primeira-dama foi tão marcante nas franjas urbanas da capital, que lhe rendeu um mandato de deputada estadual com um pouco mais de 24 mil votos nas eleições de 2022.
Desembargador
Ontem (20), o desembargador rondoniense Gilberto Barbosa, Corregedor-Geral do TJRO, assumiu a presidência do Colégio Permanente de Corregedoras e Corregedores-Gerais dos Tribunais de Justiça do Brasil – CCOGE. Neste caso, Rondônia está representada em um dos cargos mais altos da Justiça nacional.
Grupo
Ontem (20), criou-se uma polêmica nas redes sociais envolvendo o prefeito Léo Moraes (Podemos) e o ex-vereador Isaque Machado (União Brasil) porque esse último foi nomeado na Prefeitura de Porto Velho. Léo precisa montar um grupo político para administrar a capital Porto Velho, bem como para desafios futuros. Nada mais justo que tirar os melhores quadros partidários dos outros grupos políticos e trazer para o seu guarda-chuva, porque o caminho é longo e o choro é livre para quem não foi convidado para o banquete.
Buraco
Conversei com o vereador Thiago Tezzari (PSDB), esse desabafou em relação à sua angústia e frustração para buscar solução para tapar um buraco, ou seja, leva no mínimo dez dias por conta do cronograma. Conheço Tezzari desde 2007, quando assumi a direção partidária do PHS em Rondônia. Ele é ágil e dinâmico por onde passou como gestor público, daí se deparar com a a morosidade da gestão pública, me permite compreender o seu sentimento compartilhado.
Escuridão
O vereador Zé Paroca (Avante) se faz presente no chamado dos seus eleitores por meio das redes sociais e presencialmente. Ele encaminhou pedido de providências para a Emdur realizar a reposição de lâmpadas na Avenida Guaporé com a Rua Iberê, que se encontra em completa escuridão. Contudo, parece que a autarquia municipal não consegue responder com agilidade à demanda existente.
Sério
Falando sério, algumas primeiras damas que conseguiram uma atuação política maior chegaram até a presidência de seus respectivos países. Por exemplo, na Argentina, Cristina Kirchner foi eleita presidente assim que terminou o mandato de seu marido, Néstor Kirchner, em 2007. Ela continua sendo uma política influente no seu país como senadora da República.