Por Rondoniadinamica
Publicada em 25/05/2019 às 11h18
Porto Velho, RO – É inegável que o secretário-chefe da Casa Civil José Gonçalves da Silva Júnior, mais conhecido apenas como Júnior Gonçalves, seja, de fato, excepcionalíssimo empreendedor.
Antes de assumir a função mais importante de um governo quando o assunto é a articulação, especialmente relacionada ao contato do Executivo com a Assembleia Legislativa (ALE/RO) e demais instituições, o homem de negócios passou rapidamente pela Superintendência Estadual de Gestão dos Gastos Públicos Administrativos (SUGESP) na condição de titular do órgão.
Coronel Marcos Rocha, do PSL, e a primeira-dama Luana Nunes de Oliveira Santos, também secretária de Assistência Social (SEAS/RO) na gestão do marido, têm curioso vínculo de admiração com os irmãos Gonçalves.
Irmãos, no caso, é o substantivo masculino, não o supermercado concorrente – e ainda de pé – do Gonçalves, este, aí sim, ligado a Júnior e ora em recuperação judicial: portanto, falência é a palavra que melhor define o status do empreendimento batizado com o sobrenome de ambos.
Sérgio Gonçalves da Silva, irmão de Júnior, foi nomeado por Rocha, já em janeiro, como Superintendente Estadual de Desenvolvimento Econômico e Infraestrutura (SEDI). Em abril, seu contracheque registrava dividendos brutos de R$ 13 mil; com os descontos, o superintendente embolsou, “limpinhos”, R$ 10 mil.
O chefe da Casa Civil, por outro lado, ainda figura no holerite estatal, no mesmo mês de referência, como superintendente da SUGESP. Seu salário, diferente do percebido pelo irmão, equivale à monta recebida pelo governador do Estado. São R$ 25,3 mil em rendimentos tributáveis: R$ 18,8 mil vão direto para a sua conta.
Para os liberais econômicos, o Estado é um grande negócio.
Fazendo uma conta rasa, levando em consideração apenas os rendimentos líquidos dos irmãos, os Gonçalves receberão, durante os quatro anos do governo Marcos Rocha, R$ 1.382.400,00 só em salários.
Não gozam dos mesmos privilégios os ex-funcionários do Gonçalves, que, sem um ombro amigo como Marcos Rocha, são obrigados a brigar pelos seus direitos na Justiça do Trabalho enquanto amargam os dissabores incalculáveis do desemprego.
O vídeo veiculado pelo site de notícias Rondoniaovivo no dia 06 de maio (clique aqui para assistir) é sintomático e mostra a enorme diferença entre as vidas de pessoas fatalmente atingidas pelo declínio de uma empresa enquanto um dos sócios desta, ao pular do barco náufrago de sua principal atividade liberal, embrenha-se na folha de pagamento do Estado a fim de continuar respirando economicamente, ainda que por aparelhos.
Antes e até mesmo paralelamente a todo esse caos, da bancarrota do Gonçalves à ascensão ao Estado via canetada, Júnior dava lições de empreendedorismo no YouTube.
No canal homônimo, há 37 vídeos postados onde o coaching virtual ensina de tudo: por que não seguir o caminho mais curto; alertas contra a vaidade; fala sobre inteligência emocional; discorre acerca de fofocas corporativas, e, por mais incrível e irônico que possa parecer, também critica os puxa-sacos.
Até o momento, à exceção do próprio Júnior Gonçalves – e do seu irmão Sérgio –, não se tem notícias de qualquer pessoa que tenha encontrado o sucesso empresarial absorvendo e aplicando as teorias do coaching.
Isso porque a fórmula real está na leitura às avessas dessas valiosas doutrinas do mundo corporativo: compreendidas ao inverso e lançadas à luz da vida pública, eis um chefe da Casa Civil e um superintendente de Desenvolvimento Econômico e Infraestrutura.
Logo, Júnior Gonçalves é um excepcionalíssimo empreendedor de si mesmo – e dos seus.
A matéria é tão tendenciosa e maledicente, que até nos pontos que supostamente poderiam ganhar razão, perdem totalmente a credibilidade. Eu teria vergonha de assinar tamanho opróbrio. "intacta invidia media sunt" OBS: Não conheço Jr. Gonçalves.
-- NOTA DA REDAÇÃO: Vanessa – embora duvidemos seriamente de que este de fato seja o seu nome –, vamos responder ao comentário. O editorial representa a opinião de um veículo de comunicação; e as visões de mundo levam à determinada tendência. O pensamento crítico não anda em cima do muro como você gostaria que fosse. Por outro lado, compreendemos que faz todo o sentido informar à sociedade o vínculo do fracasso empresarial com o porto-seguro materializado via Estado: nem todo mundo é privilegiado com essa corda de resgate. Sobre assinar o “opróbrio”, compreendemos que isso deve valer para todas as outras coisas da sua vida, já que, com e-mail fajuto e identidade aquartelada atrás de uma denominação igualmente mentirosa, sua manifestação serviu apenas para excursionar seu latim de Google. De qualquer forma, o manifesto está registrado. Um abraço!