Por AFP
Publicada em 18/10/2021 às 14h47
O primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki escreveu nesta segunda-feira (18) aos líderes da União Europeia para alertá-los que o bloco corre o risco de se tornar "um órgão administrado de forma centralizada por instituições desprovidas de controle democrático".
Morawiecki afirmou que essa situação é "um fenômeno perigoso que ameaça o futuro da nossa união", mas acrescentou que a Polônia continuaria sendo um "membro leal".
O primeiro-ministro polonês pediu aos líderes da UE a estarem "abertos ao diálogo" sobre a reforma do bloco comunitário.
"Realmente acredito que juntos, com um espírito de respeito e compreensão mútuos, sem impor a vontade de um aos outros, podemos encontrar uma solução que fortalecerá nossa União Europeia", disse Morawiecki.
A carta chega antes de uma cúpula de líderes da UE nesta semana e depois de uma decisão do Tribunal Constitucional da Polônia no início deste mês que desafiou a primazia da lei da UE.
Essa decisão foi amplamente criticada por outros membros da UE, como França e Alemanha, mas não pela Hungria. Analistas avisaram que poderia ser um primeiro passo para a saída da Polônia do grupo dos 27.
A máxima instância judicial do país da Europa do leste declarou que partes dos tratados da UE eram "incompatíveis" com a Carta Magna polonesa e alertou ao Tribunal de Justiça comunitária que não interfira nas reformas judiciais da Polônia.
Essas revisões estão sendo impulsionadas pelo governante partido populista de direita Lei e Justiça (PiS) e geraram uma grande discórdia entre Varsóvia e Bruxelas durante anos.
A UE afirma que essas modificações prejudicam a independência judicial e poderiam fazer as reformas democráticas regredirem, enquanto o governo polonês insiste que são necessárias para erradicar a corrupção no poder judiciário.