Publicada em 07/06/2022 às 11h51
Porto Velho, RO – O senador de Rondônia Marcos Rogério, do PL, correligionário do presidente da República, publicou “alegação enganosa” ao sugerir que Jair Bolsonaro “tem razão” sobre a eficácia do spray nasal de Israel contra o Coronavírus (COVID-19/SARS-CoV-2). Hoje ele é conhecido por suas performances na CPI da COVID-19 defendendo o governo federal com frases de efeito como "são narrativas", "tem método" e "vai vendo, Brasil!".
Junto ao dado falso, escreveu:
"Ele avisou!", exclamou.
Marcos Rogério também referencia de maneira equivocada a matéria do UOL, colocando a data e autoria da foto de Jair Bolsonaro feita pela agência Reuters em vez das credenciais da notícia exposta.
O termo envolto ao dado falso lançado pelo congressista foi usado pelo Portal Terra, que, na última segunda-feira (06), veiculou notícia dissociando as situações.
À ocasião, no “pior momento da pandemia”, como classifica a reportagem, Bolsonaro defendeu o uso do tratamento com o spray de Israel contra a COVID-19.
“Visto como a "nova cloroquina" de Bolsonaro — numa referência ao medicamento já descartado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para o combate ao coronavírus, o spray ficou conhecido após estudiosos do Centro Hospitalar de Tel Aviv informarem que o fármaco foi aprovado nos primeiros testes executados. Trata-se, porém, de um estudo preliminar em fase de sondagem da aplicação à doença, sem compará-lo a um placebo, por exemplo. Por se tratar de um experimento, também não foram especificadas as idades dos voluntários nem seus agravos de saúde. Segundo a base internacional Clinical Trials, a primeira fase dos testes começou em setembro e será concluída ao fim deste mês”, apontou.
“Se você fizer uma vacina de spray nasal, você vai induzir uma resposta imune local no nariz”, diz o imunologista Jorge Kalil ao dominical.
Sobre as duas matérias, unidas de maneira falsa por Marcos Rogério e outros bolsonaristas em redes sociais, o Terra sacramenta:
“Spray nasal citado no 'Fantástico' não é o mesmo que Bolsonaro defendeu em 2021”.
“A vacina de spray nasal citada como um caminho para vencer a pandemia em uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, não tem relação com o medicamento apresentado ao presidente Jair Bolsonaro (PL) em Israel, como afirmam postagens. O spray mostrado à comitiva brasileira é um medicamento que estava sendo testado para suprimir o processo inflamatório da Covid-19, que ainda não teve eficácia comprovada. Já o imunizante sugerido por especialistas seria uma evolução das vacinas hoje aplicadas”, diz o desmentido.
Que concluiu:
“Em março de 2021, uma comitiva do governo brasileiro visitou Israel para conhecer o spray nasal EXO-CD 24. O medicamento, originalmente criado para o tratamento do câncer de ovário, estava sendo testado para combater as infecções causadas pela Covid-19. Segundo uma ferramenta do jornal The New York Times que analisa artigos científicos e acompanha avanços no tratamento da doença, o spray ainda não teve os resultados de todos os testes clínicos divulgados, portanto sua eficácia não é certa”, encerra.