![“Cemitério” de políticos Porto Velho desafia o prefeito Léo Moraes](/uploads/6cp2re08w21h0ie.jpg)
Publicada em 15/02/2025 às 10h54
Porto Velho, capital de Rondônia, é uma das 26 do país, além do Distrito Federal. A Região Norte tem um clima atípico, com apenas duas estações climáticas: o verão, quando praticamente não chove, apenas pancadas esporádicas durante meses; e o inverno, período atual, quando chove torrencialmente durante meses.
O Norte do país é uma região diferenciada e, por isso, os administradores públicos, principalmente em Rondônia, enfrentam inúmeras dificuldades para realizar um bom trabalho. Esse é o caso de Porto Velho, que completou, no dia 2 de outubro de 2024, 110 anos de fundação.
Um dos muitos problemas da capital de Rondônia é o saneamento básico. Cerca de 4% da área central possui redes de água e esgoto; mesmo assim, a “estação de tratamento” é o Rio Madeira, um dos mais importantes do país.
Desde a década de 90, Porto Velho tem sido um “cemitério” de prefeitos. Nem mesmo Chiquilito Erse, que administrou de forma soberba no primeiro mandato, conseguiu manter a mesma desenvoltura no segundo, pois adoeceu e teve que deixar o cargo para o vice, Carlinhos Camurça, que se reelegeu. Apesar de administrar Porto Velho por mais de um mandato, Camurça hoje está na lista de ex-prefeitos. Ele chegou a se eleger deputado federal, mas “pendurou as chuteiras” na política, pois disputou outras eleições sem sucesso nas urnas.
Depois de Chiquilito, o prefeito que mais contribuiu para o desenvolvimento de Porto Velho foi José Guedes, um dos fundadores do PSDB em nível nacional, quando era deputado federal. No entanto, ele não teve no segundo mandato o mesmo desempenho do primeiro. Posteriormente, não conseguiu eleger sua esposa vereadora. Hoje, é um dos advogados atuantes da capital, mas deixou a política de lado.
O sucessor de Camurça foi Roberto Sobrinho (PT), que também teve dois mandatos seguidos. No segundo, foi afastado do cargo meses antes do término, após uma série de acusações de ilegalidades. Anos depois, foi inocentado, mas até hoje não participou mais diretamente do processo político-partidário, inclusive deixando o PT.
O sucessor de Sobrinho foi o ex-presidente regional do PSB, Mauro Nazif, ex-deputado federal, estadual e vereador. Ficou apenas um mandato na prefeitura, pois não conseguiu se reeleger. Foi derrotado pelo fenômeno eleitoral da época, Hildon Chaves (PSDB), que administrou Porto Velho por dois mandatos seguidos e deixou o cargo em dezembro último.
Porto Velho é, sem dúvida, um município desafiador para qualquer administrador público. Os mais céticos dizem que o cargo de prefeito é uma “cova” garantida na política. Desde Guedes, nenhum ex-prefeito conseguiu eleger seu sucessor. O caso mais recente é o de Hildon Chaves, que deixou o cargo com mais de 80% de aprovação, segundo institutos de pesquisas de opinião pública, mas não conseguiu eleger sua sucessora, a ex-vereadora e ex-deputada federal Mariana Carvalho (União), de família tradicional no estado e considerada “boa de voto”.
A gestão de Chaves foi considerada positiva. Ele asfaltou ruas e avenidas no centro, bairros e distritos. Durante seus dois mandatos, não houve denúncias de corrupção, nem atrasos de pagamento a servidores e fornecedores. Deixou como uma de suas principais obras a nova rodoviária, ainda não totalmente concluída, mas em funcionamento, substituindo a precária estrutura anterior, que já não atendia às necessidades da população.
Hoje, o jovem e experiente político Léo Moraes (Podemos) é o prefeito da capital de Rondônia. Eleito no segundo turno das eleições de outubro de 2024, tem um enorme desafio pela frente. Porto Velho é um município de grande extensão territorial (mais de 34 mil quilômetros quadrados), maior que alguns estados brasileiros e vários países. Somente em estradas vicinais, são mais de 7 mil quilômetros, além de mais de uma dúzia de distritos, alguns com infraestrutura de município e distantes 400 quilômetros da sede.
Léo tem comparecido com frequência à mídia para prestar contas do que está fazendo, incluindo a participação direta em pequenas obras, como a colocação de tampas em bueiros e a visita a áreas alagadas. A estratégia de exposição na mídia já foi utilizada na véspera das eleições, quando fortes chuvas alagaram ruas e avenidas.
As chuvas das últimas semanas causaram alagações em vários pontos de Porto Velho, tornando algumas ruas e avenidas praticamente navegáveis. É inviável resolver um problema crônico da cidade em apenas dois meses de gestão. Além de planejamento e ação, a solução exige tempo, recursos e até mesmo um pouco de sorte, considerando o volume das chuvas na região.
O excesso de exposição midiática da equipe de Léo Moraes é questionável, pois compromete o gestor, que não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. É fundamental valorizar o trabalho de secretários e assessores, garantindo que o prefeito possa focar em buscar recursos e viabilizar projetos para cumprir seu plano de governo.
Léo Moraes tem um futuro político promissor, mas deve ficar atento: desde a década de 90, a prefeitura de Porto Velho tem sido um “cemitério” político. Para evitar esse destino, serão necessários muito trabalho, dedicação, planejamento e cobrança constante de sua equipe.