
Publicada em 01/04/2025 às 14h02
Porto Velho, RO – O ex-prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), participou do podcast Resenha Política, apresentado por Robson Oliveira, e abordou temas polêmicos envolvendo sua gestão, como alagações na capital, a inauguração da nova rodoviária, a situação do Instituto de Previdência do Município (IPAM), questões relacionadas ao transporte coletivo e a possível candidatura ao governo ou Senado em 2026.
Logo no início, Hildon foi questionado sobre a possibilidade de disputar o governo ou uma vaga no Senado. Ele afirmou que ainda não há definição, mas confirmou que está “no jogo” e vem sendo abordado em todo o estado com questionamentos sobre sua possível candidatura: “Normalmente as perguntas são para o governo do Estado. Também vêm perguntas para o Senado. Eu não tenho isso determinado ainda”.
Críticas à atual gestão
Um dos temas centrais da entrevista foi a atribuição de responsabilidades por problemas recentes da cidade. Hildon reagiu a críticas do atual prefeito, Léo Moraes, relacionadas às alagações em Porto Velho. “É uma irresponsabilidade e uma mentira deslavada se atribuir isso a Hildon Chaves”, disse o ex-prefeito. Ele explicou que há dois tipos de drenagem — superficial e profunda — e que durante sua gestão foram feitas obras estruturantes, como nos bairros Lagoa, Igarapé e Flamboiã, mas que há um “gap de 30 anos” em infraestrutura na capital. “Nós fizemos. Ainda tem coisa pra fazer? Tem”, afirmou.
Ao ser questionado sobre uma suposta promessa de pagar o piso salarial aos professores no fim do mandato, Hildon argumentou que houve limitações legais por se tratar de ano eleitoral e destacou que “houve interferência de órgão de controle, alguma coisa judicializada”.
Em outro trecho, o ex-prefeito acusou a atual gestão de propagar “meias-verdades” ao afirmar que teria deixado um rombo bilionário no IPAM. Segundo Hildon, quando assumiu em 2017 havia cerca de R$ 300 milhões no instituto e, ao deixar o cargo, o valor era superior a R$ 1 bilhão. “Eu tripliquei as reservas. Então, caríssimo prefeito Léo Moraes, arregace as mangas e faça a mesma coisa”, declarou. Ele reconheceu, porém, que o déficit atuarial persiste e que essa é uma questão nacional.
Rodoviária e embates com TCE e Crea
Outro ponto de embate abordado no podcast foi a inauguração da nova rodoviária de Porto Velho. O presidente do Tribunal de Contas (TCE/RO) teria feito críticas à entrega da obra, apontando possíveis irregularidades. Hildon reagiu com veemência: “A justiça já desmanchou tudo. Tudo conversa besta. Eles deveriam ter ido na rodoviária. Eu não sei qual é a preguiça de levantar da cadeira e ir lá olhar”.
Segundo ele, a rodoviária foi entregue com duas liminares judiciais favoráveis — uma de juiz e outra de desembargador — e afirmou que pequenos detalhes faltavam para sua plena funcionalidade, como o ar-condicionado. “Empenhei os recursos. Se não pagaram, é responsabilidade da atual gestão”, disse. Sobre o relatório técnico do Crea, que indicava riscos estruturais, Hildon minimizou: “Mentiroso. O Neocréia e nada pra mim é a mesma coisa”.
Transporte coletivo e mobilidade urbana
Hildon também defendeu as ações da sua gestão quanto ao transporte coletivo, afirmando que a crise no setor é nacional. Ele explicou que, diante do colapso da empresa anterior, instituiu tarifa zero por dois meses, seguido por aumento gradual até R$ 4,50. “Hoje o transporte coletivo está em xeque no mundo inteiro. Se não subsidiar, não é viável”, disse. Sobre a afirmação de que a passagem foi reduzida de R$ 6 para R$ 3, contestou: “Para 99% da população, que tem o cartão, a tarifa era R$ 4,50. Dizer que era R$ 6 é uma meia-verdade”.
Relação com Léo Moraes
Ao longo da conversa, Hildon reiterou críticas à postura do atual prefeito. “O prefeito tem que trabalhar. Vai fazer o seu serviço. Parece que está preocupado. Eu gostaria que fosse um prefeito mais atuante, melhor do que eu”, disse. Apesar disso, desejou sucesso a Léo Moraes e afirmou que torce por uma boa gestão. “O lugar que eu escolhi para viver é aqui e eu torço para que funcione”.
Questionado sobre empréstimos tomados pela nova gestão, Hildon respondeu que o atual prefeito já teria contratado mais do que sua própria gestão: “Eu fiz aproximadamente 200 e poucos milhões de empréstimos ao longo de oito anos. Ele já pegou 300. Se ele pegou, é porque a prefeitura estava organizada”.
Professores e promessa de piso
Sobre o impasse com os professores da rede municipal, que acusam a antiga gestão de não ter cumprido o compromisso de pagar o piso salarial, Hildon explicou que havia dinheiro, mas obstáculos legais impediram a implantação: “Tinha grana. Mas era ano eleitoral. Houve interferência de órgão de controle, alguma coisa judicializada”.
Ele também afirmou que divulgará uma gravação de Léo Moraes no sindicato da categoria prometendo pagar o piso em 30 dias: “Tudo eu posso não ter feito. Então ele, se prometeu, que cumpra”.
Futuro político e articulações partidárias
Hildon confirmou convite do senador Confúcio Moura para ingressar no MDB, mas disse que ainda avalia opções. Revelou ter conversado com Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB, e comentou sobre a possível fusão do partido com o Podemos. “Aí eu tenho que sair. Não tem jeito”, disse, sinalizando resistência à união, principalmente pelo fato de o atual prefeito estar na sigla.
Ele afirmou também que ainda não decidiu se será candidato a governador ou ao Senado. “Tudo é possível, inclusive nada”, declarou.
Denúncias do MP Eleitoral
Ao final do podcast, Hildon foi questionado sobre denúncias do Ministério Público Eleitoral contra seu ex-vice, Maurício Carvalho. Respondeu com distanciamento: “Cada um que cuide do seu CPF”, disse, citando uma frase do ex-governador Ivo Cassol. “Eu não estava lá, não era candidato”.
O episódio completo do Resenha Política com Hildon Chaves está disponível no canal oficial do programa no YouTube e, de forma exclusiva, também no site Rondônia Dinâmica.