Por Rondoniadinamica
Publicada em 28/09/2019 às 09h37
Fotomontagem
Porto Velho, RO – Os paulistanos costumam brincar ao fazer analogia fria de sua avenida mais conhecida com o matrimônio: levando em conta as estações do metrô, ela, tal qual casamento, começa no Paraíso e termina na Consolação.
Mas, diferentemente da Av. Paulista, não há consolação para os eleitores do senador de Rondônia Marcos Rogério (DEM).
Eles exigem o divórcio do congressista eleito em 2018 sob a égide do discurso conservador entoado pelos maiores expoentes do Partido Social Liberal, o PSL do presidente da República Jair Bolsonaro e outros ascendentes do mesmo espectro ideológico.
A gota d’água aconteceu no decorrer desta semana quando o demista aceitou ser uma espécie de leão-de-chácara institucional do presidente do Senador Davi Alcolumbre, correligionário levado à Câmara Alta pelo povo do Amapá.
Tornou-se, a partir daí, um entre três principais desarticuladores dos vetos impostos por Bolsonaro à Lei de Abuso de Autoridade.
Batendo no peito comprando a postura dissonante em relação às exigências de quem o elegeu, Marcos Rogério tenta, a todo custo, soar como agente público independente, corajoso, livre de amarras.
Não é.
Para Marcos Rogério, seus eleitores sofrem de "cegueira política" / Imagem: Reprodução-Facebook
Ao rechaçar a base que o levou a Brasília na condição de senador da República, há, diante dele, um caminho bifurcado, e ambos o levam à condição de subalterno legislativo.
O primeiro deles já foi mencionado, quando, sem hesitar, aceitou o papel de subserviência proativa ao simples estalar de dedos de Alcolumbre; o outro, pior ainda, diz respeito ao cenário exposto pela versão online do Estadão em notas reproduzidas pelo site O Antagonista, onde o presidente da República teria promovido vetos à Lei de Abuso de Autoridade apenas para acalentar a sanha dos seguidores.
Levando em conta o segundo cenário, Marcos Rogério aceitou a condição de mártir para proteger a imagem do presidente enquanto absorve sozinho – ante ao eleitorado rondoniense, pelo menos – a má repercussão do atropelamento dos vetos desencadeado pelo caminhão desgovernado chamado Congresso Nacional.
Antes disso, foi abalroado de maneira quase generalizada pela crítica regional, e aí ressaltam-se posicionamentos tanto da imprensa quanto da sociedade civil organizada, ao apresentar o voto mais contundente contra a exigência popular relacionada à instalação da CPI da Lava Toga, quando a matéria fora analisada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) no Senado Federal.
A gravidade é implacável em relação a políticos que tentam se equilibrar no muro da incoerência: se abrir os olhos, Marcos Rogério sofrerá com a vertigem ao perceber o flerte com esse inescrupuloso abismo sem fundo do esquecimento público, do enterro promovido pela pá coletiva cuja a assentada final de cal será desencadeada por ele próprio.
“Eu, eleitor rondoniense, recebo a ti, Marcos Rogério, como minha legítima esposa.
Prometo ser fiel,
Amar-te e respeitar-te,
Na alegria e na tristeza,
Na saúde e na doença,
Na riqueza e na pobreza,
Por todos os dias de nossas vidas,
Até que a INCOERÊNCIA nos separe”.
E separou.
Comentárioso foram feitos na postagem pública do senador em sua página oficial no Facebook / Reprodução