
Publicada em 29/03/2025 às 11h10
A principal e mais importante rodovia federal de Rondônia, a BR-364, é motivo de constantes manchetes na mídia, na maioria das vezes devido aos inúmeros acidentes que ocorrem nos pouco mais de 700 km que ligam Porto Velho a Vilhena, na divisa com o Mato Grosso. É pelo trecho que passam cerca de 2 mil carretas, bitrens e treminhões, quase sempre carregados com soja produzida no Estado e em parte do Mato Grosso, exportada para outros estados e países, via porto graneleiro de Porto Velho, no Rio Madeira.
Rondônia, como os demais estados do Norte, tem clima diferenciado. Existem somente duas estações climáticas: a atual, o Inverno Amazônico, com chuvas diárias de dezembro a maio, e o Verão Amazônico nos demais meses, quando raramente chove.
A BR-364 foi construída na década de 60. O alicerce não tem condições de suportar o atual volume de tráfego pesado, e os buracos tomam conta do trecho entre Porto Velho e Vilhena, com cerca de 700 km, como no atual período, em que o porto graneleiro na capital, no Rio Madeira, tem fila de 1,2 mil veículos pesados aguardando para descarregar. O porto tem condições de embarcar cerca de 10 mil toneladas por dia, equivalente a 200 caminhões.
Em fevereiro último, o Governo Federal promoveu leilão para recuperar, duplicar pouco mais de 100 km dos 700 do trecho e mais 200 km de faixas adicionais. O consórcio 4UM/Opportunity foi o vencedor e único participante do leilão. O que preocupa e mobilizou os políticos é a cobrança de pedágios no trecho. Mesmo com “faísca atrasada” dos políticos federais de Rondônia, foi realizada audiência esta semana na Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado para discutir o assunto.
Além do custo elevado do pedágio, no trecho Vilhena–Porto Velho–Vilhena, estimado em aproximadamente R$ 1 mil, quase a totalidade dos veículos retorna “batendo carroceria”, porque não há carga para o retorno. Também seria da maior importância que nossos políticos, principalmente os da área federal (senadores e deputados), trabalhassem para que esses veículos não retornassem vazios.
O transporte de calcário da Bolívia, por exemplo, poderia amenizar a situação. Também a restauração e adequação da BR-319 (Porto Velho–Manaus), única ligação rodoviária da capital do Amazonas com os demais estados, para transportar ao Centro-Sul a boa produção industrial de Manaus, ajudaria muito.
A Comissão de Infraestrutura (CI) aprovou nesta terça-feira (25) três requerimentos com pedidos de diligências externas no estado de Rondônia para verificar o andamento das obras na BR-364, no trecho que liga os municípios de Porto Velho a Vilhena. Os senadores também farão diligências em Porto Velho, Ji-Paraná e Vilhena para acompanhamento dos trabalhos.
Apesar de tardio, porque dificilmente a licitação será anulada ou mesmo readequada, é importante o monitoramento permanente, principalmente dos políticos, para que o trabalho a ser realizado no trecho chamado de “Corredor da Morte”, devido ao elevado número de acidentes — grande parte fatais —, seja iniciado e concluído.
Na reunião na CI do Senado, o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Guilherme Theo Sampaio, disse que a concessão “representa um avanço histórico para Rondônia” e enumerou as vantagens: R$ 6,35 bilhões em investimentos (CAPEX) para obras de ampliação e melhorias; R$ 3,88 bilhões em custos operacionais (OPEX) para manutenção e serviços ao longo da concessão; 108 km de duplicação e 191 km de faixas adicionais; 34 km de novo acesso ao porto de Porto Velho, ampliando a conectividade logística; 52 dispositivos novos ou remodelados, incluindo viadutos e interseções; 24 passarelas e 90 pontos de ônibus, garantindo mais segurança aos pedestres; 3 pontos de parada para caminhoneiros, com infraestrutura completa; redução de acidentes, seguindo o modelo de outras concessões da ANTT, que já registraram queda de 22% no número de mortes nas rodovias concedidas.
A concessionária será responsável pela prestação de serviços essenciais, como atendimento médico e mecânico 24h, monitoramento eletrônico e reforço na sinalização.
Como sempre sugerimos, caso o 5º Batalhão de Engenharia de Construção (BEC), do Exército em Porto Velho, tivesse condições de realizar a adequação e duplicação da BR-364, em todo o trecho de Porto Velho a Vilhena, isso poderia ser feito em muito menos tempo e com custo infinitamente inferior. O problema é que estamos no Brasil, onde a politicagem impera, e não a política em sua essência.