
Publicada em 04/04/2025 às 15h48
Porto Velho, RO – Acusações de desvios em emendas parlamentares marcaram a entrevista concedida pelo ex-ministro Amir Lando (MDB) ao programa A Voz do Povo, transmitido nesta sexta-feira (4) sob a apresentação do jornalista Arimar Souza de Sá. A conversa foi divulgada com exclusividade pelo site Rondonotícias.Lando ocupou a chefia do Ministério da Previdência Social, de janeiro de 2004 a março de 2005, no primeiro mandato de Lula, do PT, iniciado em 2003.
Durante a participação, Amir afirmou que nunca esteve envolvido em esquemas ilícitos e comentou sobre práticas que, segundo ele, estariam sendo adotadas atualmente: “Eu nunca fiz uma rachadinha, eu nunca pedi participação em emendas, hoje tem muita gente roubando nas emendas, eu não quero citar nomes, mas as notícias circulam”, declarou. Para ele, a política deve se basear no compromisso ético aprendido na infância.
A trajetória do ex-ministro foi um dos principais eixos da entrevista. Nascido em uma pequena vila às margens do rio Uruguai, no Rio Grande do Sul, Amir contou que sua infância foi marcada pela simplicidade e pelo trabalho desde cedo. Ele relatou que vendia frutas na estação ferroviária da região para ajudar no sustento da casa, usando sapatos apenas aos domingos, quando frequentava a missa. “Foi uma vida de muito esforço, mas eu sempre tive uma capacidade para trabalho que se destacava”, disse.
O ambiente familiar, segundo o ex-ministro, foi determinante para sua formação ética e interesse pela política. Os debates em casa, centrados em valores e princípios, moldaram seu entendimento sobre o papel do homem público: “Eram discussões que tinham um fundo ético muito profundo, meu pai era uma pessoa muito reflexiva, que me ensinou a nunca ser orgulhoso, os dez mandamentos eu aprendi dentro de casa”, contou.
A saída da vila para estudar representou uma mudança definitiva em sua vida. Amir descreveu o momento como um rompimento com tudo o que conhecia. Segundo ele, o ingresso no mundo acadêmico foi possível graças a uma bolsa de estudos concedida pelo então presidente Juscelino Kubitschek. A vinda para Rondônia, relatou, ocorreu em razão de perseguições sofridas durante o período da ditadura militar: “Quando eu tive que sair da minha vila, eu deixei tudo para trás, meu pai, minha mãe, meus amigos, meu cavalo e parti para o desconhecido.”
Na política, Amir destacou que sua maior contribuição para o estado de Rondônia foi na área fundiária. Ele lembrou o processo de regularização de milhares de propriedades, além da criação de agências do INSS em municípios do estado e em outras regiões do país durante seu período como ministro da Previdência. Uma das medidas implementadas, segundo afirmou, foi a aceleração dos prazos para concessão de benefícios, que passaram a ser pagos em até cinco dias.
“Como ministro, eu criei agências do INSS pelo Estado, e isso transformou a realidade de muita gente em Rondônia e todo o Brasil. Nesse aspecto, eu dei celeridade à previdência para pagar o benefício em até cinco dias, mas para Rondônia a maior colaboração que eu considero ter realizado foi na questão fundiária”, concluiu.
Quem é Amir Lando?
Amir Lando iniciou sua carreira política como deputado estadual em 1982. Quatro anos depois, foi eleito suplente do senador Olavo Pires e assumiu a vaga em 1990, após a morte do titular. Ganhou notoriedade nacional como relator da CPI que investigou o esquema de corrupção envolvendo o então presidente Fernando Collor e o tesoureiro da campanha, PC Farias. Candidato ao Senado em 1994, não conseguiu a reeleição, mas retornou à Casa em 1998. Em 2004, licenciou-se para comandar o Ministério da Previdência Social, cargo que ocupou até 2005. No mesmo ano, presidiu a CPMI do Mensalão, e no ano seguinte relatou a CPMI das Sanguessugas. Ainda em 2006, disputou o governo de Rondônia. Nos anos seguintes, voltou a figurar como suplente na Câmara dos Deputados, chegando a tomar posse em 2013 após o afastamento de Natan Donadon.
